terça-feira, 30 de setembro de 2008

Pinta, ama e se aniquila.

Em 1950, Pierre La Mure apresenta Moulin Rouge, biografia dramatizada do gênio artístico Toulouse-Lautrec. O autor francês nos leva pela vida embriagada de paixões, decepções, fama e absinto, com imensa força descritiva e poesia, dividindo conosco todas as sensações do protagonista.
Nascido aristocrata, Henri (como é intimamente chamado durante todo o livro) passa a infância fazendo do seu talento uma diversão. Até que quebra as pernas, as quais ficam atrofiadas, tornando-se uma figura ridícula. Assim passa a conviver com uma dor constante. Para afastar a invalidez começa a estudar pintura no bairro boêmio de Paris, dominado por artistas e prostitutas, chamado Montmartre.
Não demora muito para a criança fascinada com a vida noturna e com as conversas de seus amigos estudantes de arte conhecer a necessidade de amar e o alcoolismo, que foi dito remédio já que o fazia esquecer as dores e o preconceito existente nas duas vidas opostas que assumiu.
O preconceito, exposto em páginas bem escolhidas foi a forma que o autor achou de nos fazer sentir a dor cotidiana nas pernas de Toulouse, nos trazendo segundos de realidade.
Invejado pelos amigos, decepção para o pai, preocupação para a mãe e orgulho e bálsamo para si. Em meio a ilusões amorosas surge a fama e o reconhecimento, sendo adorado até mesmo pela sociedade aristocrática que o rejeitou.Até que de tanto se afogar em álcool morre nos braços de sua mãe, mulher que sempre curou suas feridas. E ao virarmos a última página nos fica um gosto intenso e doce de uma vida apaixonada pela qual fomos guiados.